Mutantes da reclamação

Depois que comecei a aproveitar o tempo livre para preencher com mais conhecimento, minha vida mudou para melhor. Leitura, vídeos sobre comportamento humano, autoconhecimento, ciência, natureza, viagens, religiosidade, documentários e coisas desse tipo começaram entrar mais na minha rotina diária, em paralelo com a música, claro.

Hoje eu tô a fim de falar sobre reclamação. Cara, não tem coisa mais chata do que alguém “reclamão” ao seu lado. Acho que todos aqui concordam. Quando você convive com alguém que só sabe reclamar, dá vontade de mandar a merda, com todas as letras. E pode ser em qualquer tipo de convivência; conjugal, amizade, coleguismo de trabalho, familiar, enfim, aquele que reclama ao seu lado tem o poder de sugar sua energia.

É sério. É tipo um super poder mutante! Suga tanto que te faz até pensar duas vezes em falar algo para aquela pessoa, já pré-supondo que ela vai achar alguma brecha para reclamar de alguma coisa que você queria simplesmente compartilhar. Esses mutantes da reclamação estão vivendo tão automaticamente na esfera da insatisfação que nem percebem que seus “protestos” tem muito mais a ver com seu próprio bem estar egoísta do que algo que pode realmente agregar um grupo ou um número considerável de pessoas. Geralmente não é uma reclamação para um bem maior ou pensando em beneficiar alguém, mas sim focada apenas no individualismo de si mesmo, o famoso ego. Resumindo, um “mimo”.

O reclamante pensa tanto em si próprio que ele apenas exterioriza, sem medir, tudo aquilo que insatisfaz o seu ego, e geralmente, coloca a culpa de sua insatisfação no erro ou até mesmo acerto de alguém. Apesar de mutante ele é cego e surdo, mas não é mudo.

Então, o que fazer com o mutante reclamão que há do seu lado? Simplesmente deixe ele falar. Quando ele começa a falar e percebe que ninguém responde, seu ouvido começa a ter sensações novas, pois ele já não ouve mais a voz alheia, mas sim a que sai de dentro de si próprio. Se ouvir é um mundo novo pra ele e, com isso, ele mesmo começa a se dar conta de que tudo aquilo que ele emana de energia sugadora acaba sugando ele mesmo.

É verdade, eu me ouvi!

“Se for pra causar, cause amor”

Gil Sant’Anna

Em que fase você está?

Estava ontem mesmo conversando com uma amiga, quando novamente me veio à cabeça uma frase que nunca esqueci depois que a ouvi pela primeira vez:

“O ser humano não pula fases.”

Essa frase foi dita a mim em uma conversa com um brother das antigas, há muitos anos atrás. Eu não me lembro o teor da conversa e qual assunto estávamos falando, mas provavelmente era sobre relacionamentos. Desde então, eu nunca mais esqueci essa frase, e através dela eu compreendo uma série de situações que passam por mim até hoje.

Vejo no momento atual, quantas pessoas deixaram de viver determinadas fases de suas vidas para geralmente assumirem responsabilidades grandes, que forçam com que elas desenvolvam uma maturidade sobre certos setores de suas vidas, de forma antecipada. Amigas que saíram de casa para viverem suas vidas conjugais, interpretando que naquele momento sentia amor o suficiente para viver aquilo, ou pelo simples fato de num deslize (como uma gravidez não planejada, por exemplo) serem obrigadas a se tornarem “gente grande” em plena fase de adolescência.

Aí rolam aqueles casamentos que é pra ver se vai dar certo. E óbvio, boa parte não dá! No começo é tudo lindo e maravilhoso. Festa, música, convidados, filho na barriga absorvendo o “bem-casado” pelo cordão umbilical. Aí nasce com saúde, rolam aquelas fotos lindas de ensaio, chás de bebês, fraldas, a família toda ajuda nas despesas. Realmente uma vida de gente grande. Os vovôs felizes e…

“Minha mulher não transa mais depois que eu casei!”

“Meu marido não lava uma louça, sai do trabalho e já vai pro bar!”

“Meu isso, meu aquilo, minha isso, minha aquilo!”

Anos se passam e vem a separação. Motivos são diversos, uma traiçãozinha aqui, uma paqueradinha ali, uma droguinha lá, uma bebidinha acolá, confissões com amigos, enfim… O mundo lá fora é mais bonito. As pessoas viajam mais, tem tempo para si próprias, enquanto aqui dentro eu tenho que trabalhar pra sustentar um ser que eu coloquei no mundo. Enquanto todos os jovens estão em suas baladas, em suas viagens e em suas curtições, eu estou sendo obrigado a viver dez anos mais velho que eles.

Aí passam esses dez anos e eles (meus amigos) realmente envelheceram, constituíram família, se tornaram pais no “momento certo”. E eu? Após 10 anos, meus filhos já estão crescidos, dei o meu melhor a eles e eu rejuvenesci. Agora que eles estão crescidos eu posso, paquerar, viajar, namorar de novo, ir pra balada e voltar às 5 da manhã bêbado(a)!

Aí eu chego em casa, me olho no espelho e penso: “caramba, com essa idade eu tô parecendo adolescente, vivendo coisas que eu nunca vivi.”

E realmente, aquela fase que você pulou, está vindo à tona agora. Não que exista uma regra, ou uma sequência certa de fases, pois, nós temos o livre arbítrio de escolher o que queremos para as nossas vidas, mas uma coisa é fato, todo rei um dia foi príncipe, se ele não foi, um dia vai ser!

Falando de mim, talvez eu não tenha saído da fase de garoto de escola que quer ter uma banda! …(risos)

Em que fase você está?

“Se for pra causar, cause amor”